Foto daqui
Limpeza, desperdício e reciclagem.
A Primavera já chegou, embora não pareça pelo tempo que se faz sentir. Manda o hábito que faça grandes limpezas e arrumações lá por casa. Arrumar roupas de Inverno e realojar as roupas mais frescas. Mesmo processo se passa com botas, sapatos, ténis e sandálias.
Este ano vou incluir mais uma divisão: eu. Tentar perceber o que se pode e deve reciclar e deitar fora tudo o que é desperdício.
O meu coração pára. E recomeça o seu bater. Fico em suspenso. O leve aproximar da respiração. Pressentir o teu toque. Fico ali, à espera. O beijo há-de chegar. Um beijo só, por vezes, basta. Para sentir o teu amor, para confirmar o meu. Pode ser apenas o desejo de te ter por perto. Pode ser amor. Pode ser por a cada beijo teu eu me sentir mais eu. Eu te sentir mais tu. E a cada beijo somos sempre nós. Demoro-me a olhar os teus lábios. Gosto. Sabem-me bem. Demoro o momento da espera. Quero sentir-te respirar. Quero ver de perto os pormenores do teu rosto, dos teus lábios. Quero percorrer todos os sentimentos que ao pressentir o teu beijo acordam em mim. Quero demorar-me nos teus lábios e deixar que a cada beijo eu te sinta mais em mim.
Foto: pormenor de um retrato original aqui.
Foto: Bruno Brismontier
Por um dia não posso apenas contemplar? Hoje quero que o mundo, a vida, quero que tudo me passe um pouco mais ao lado. Embrenho-me em mim, contemplo o mundo que os meus olhos vêem. Quero saborear a vida do lado de dentro de mim. Do lado de dentro de nós. Quero deslumbrar-me com cada um dos brilhantes. Com cada um dos teus sorrisos. Com cada parte e com o todo que nós criamos. Hoje o mundo passa-me ao lado.
A cada lágrima que cai do céu, por mim cai uma gota de chuva. Ping. Ping. A pouco e pouco. Aumenta a cadência. Até que cada lágrima solta forma uma torrente e eu começo a chover. Vejo as lágrimas juntarem-se às minhas gotas de chuva. Não distingo a chuva das lágrimas. Não quero. Quero apenas que a natureza de umas e das outras se funda para que as lágrimas se tornem menos salgadas. E o que vejo cair no chão não passe de chuva.
Sentir os raios de sol que se esforçam por rasgar as nuvens
e iluminar o mar prata...
Foto: Marine Chereau
Sabes? Acho que voltei a ficar perdida. Nunca fui muito de ligar a convenções. Tudo acontece porque tem de acontecer... Mas entre um café e um cigarro, percebo que algo na minha vida muda todos os dias, eu. Já fui fundamentalista, hoje fumo em privado. Sei cada prego que cravo... mas não é isso que me importa hoje. O que me importa é a distância que se afunda entre nós. Mudamos tantos desde que nos conhecemos. Estranhamente, há coisas que são imutáveis, mesmo em nós. Mas as palavras perdem-se... no meio de sentidos difusos e sentimentos confusos. Acho que vou acender mais um cigarro e apenas terminar o meu café.
Longe e , no entanto, tão perto, cada dia passa num compasso incerto.
Tento acertar o relógio para que o tempo possa parar. Mas não pára. Nem eu. Desde que comecei a viver em função do relógio sinto que tenho cada vez menos tempo. O tempo já não corre como corria. Mas não se arrasta. Foge. Pouco é o tempo que sobra. Ao longe ouço a tua voz. Na ausência do tempo, bom é a tua voz ainda chamar por mim.
Deixa-te ficar no lento passar do dia que teima em não acabar. Gosto de ti assim. Imperfeito. Mortal. Quero ter a noção que hoje pode ser o último dia. Que não há amanhã. Quero sentir-te assim. Saber que és meu. Manter esta efémera ilusão. E saber que hoje estás aqui.
...ilumina-me!
Mas foi antes do Natal que te dei o meu coração.
O tempo foi passando, voou em certos momentos. Nunca parei para pensar. O tempo muda as pessoas. A vida também. Seguimos o nosso caminho e em algum momento ele tornou-se paralelo, distinto. Seguimos sem nos apercebemos que em cada encruzilhada falhámos o encontro. A distância foi aumentando, sem aumentar. Sinto saudades de te sentir a meu lado sem nos sentir ausentes, distantes, imersos no ser de cada um. Pergunto-me agora se este caminho estará próximo do fim ou se ainda há uma nova encruzilhada para o nosso encontro. Gosto de pensar que sim. Andamos ocupados cada um no seu caminho, tanto que nos esquecemos de construir um nosso. Deixámos que os buracos se alastrassem e as pedras se amontoassem. Ficou um estrada esquecida onde ninguém caminha. Talvez como Pessoa, com todas as pedras que estão no caminho possamos construir um castelo na próxima encruzilhada e a partir dele reconstruir o nosso caminho, único.
Talvez como na canção eu tenha dado o meu coração, mas este ano não o quero dar de novo, não quero que mo devolvas, quero que o guardes e ele te traga à memória o que nos fez começar a caminhar juntos. Eu não esqueci.
Foto daqui
Vagueio triste por entre a gente que me passa ao lado. Sou apenas uma réstia de esperança. Perdida. Só. A minha sombra insiste em seguir-me enquanto o dia morre lentamente. Já errei tantas vezes que não me importa o que possam pensar. Não regresso a casa. Não regresso para uma vida triste. Não regresso para uma vida onde tu não estás. Não regresso se não for para ter a tua sombra ao lado da minha.
Foto: Brassaï
Incentivei-te a tomar esse novo rumo. Acreditei que seria o melhor a tomares, porque te faria feliz. Esqueci-me de verificar se nesse caminho eu também poderia caminhar...
Promenade, Marc Chagall
Pensei escrever em como é terno o teu abraço ou em como é leve e doce o teu toque, mas agora não é importante. Não é importante quando só tu me seguras, só tu me abraças, só tu me impedes de enlouquecer, só tu me mostras vida, só tu me amas.
Só tu...
Alter Ego
Egos de bem querer
Egos de bem dizer
Dizem que é uma espécie de bwog
Egos de bem ler
Mulher à beira de um ataque de...